terça-feira, 15 de março de 2011

FILOCAFÉ: " FILOSOFIA PRÁTICA E A CONSCIÊNCIA"

Público presente no Filocafé
Dra. Maria Teresa Barbosa
Mesa com António Oliveira; Eugénio Oliveira e Maria Teresa Barbosa


CADA CONSCIÊNCIA É UM MUNDO

Decorreu no dia 14 de Março do corrente ano, na Biblioteca da Escola Secundária D. Sancho I, pelas 21h30, a 3.ª sessão do III Filo-Café organizado pela Associação Portuguesa de Ética e Filosofia Prática. A APEFP convidou a Dra. Maria Teresa Barbosa, Licenciada em Filosofia, consultora filosófica, assim como igualmente consultora organizacional. A sua apresentação e a moderação do debate esteve a cargo do aluno finalista da Licenciatura de Estudos Artísticos e Culturais da Faculdade de Filosofia de Braga, António Oliveira, o qual se encontra a realizar o seu estágio na APEFP, mediante um acordo protocolar entre ambas as instituições. Depois do amor nos filósofos e da ética animal, a temática que a oradora convidada analisou foi a relação da filosofia prática com a consciência.
Partindo do princípio que a felicidade vem da forma como o ser humano se encontra no mundo, a oradora interessa-se especialmente pelo seu comportamento, pessoal e organizacional, pelo menos no campo institucional do mundo das empresas, tentando transmitir que o funcionamento da mente tem os seus limites. A filosofia, na sua forma hermética, não traz soluções para os problemas humanos. Pelo contrário, a Filosofia Prática, enquanto esta aponta para o sentido das nossas ideias, acaba por abrir novos caminhos. As nossas ideias são assim repensadas, criticadas, para serem vistas de outra forma.
Citando António Damásio, a oradora partiu do princípio que o pensamento surge dentro da mente, local do nosso registo de sobrevivência, aparecendo a consciência na nossa mente, como sendo o gestor das ideias, evidenciando o que há de distinto naquilo que a consciência nos proporciona, entre o que é e não é uma ameaça, protegendo-nos, surgindo então o livre-arbítrio. A Filosofia Prática perante a consciência e a clarificação das ideias perante o livre-arbítrio, faz-nos perceber-nos a nós para percebermos os outros. Continuando a citar Damásio, a consciência tem uma certa intensidade, diferencial (numa perspectivado “EU” autobiográfico) e níveis distintos. Na sua actividade criativa, o ser humano atinge um processo em profunda construção de imagens. Nesta perspectiva, a mente, a consciência e o “EU” é um processo em desenvolvimento e o “EU” funciona na sua necessidade. E qual o papel da Filosofia Prática perante a consciência? É, no fundo, uma acessibilidade para trabalhar o emaranhado das imagens que produzimos cerebralmente. O melhor que temos a fazer é reflectir sobre as ideias para estas serem escalpabilizadas, apontando a Filosofia Prática o sentido da reflexão sobre as mesmas ideias e sobre as imagens que as ideias nos transportam num constante questionamento. A partir do problema, desse emaranhado de ideias na nossa consciência, o questionamento será uma constante, naquela base socrática da maiêutica, a qual faz desabrochar as ideias que o nosso cérebro produz. No fundo, a Filosofia Prática surge como uma arquitectura de pensamento para estarmos não só bem connosco próprios como também com os outros.