terça-feira, 19 de maio de 2009

COMUNICAÇÃO DO PROF.DOUTOR COSTA PINTO SOBRE EUTANÁSIA




O Prof. Doutor Costa Pinto da Faculdade de Filosofia foi o convidado e orador da 5ª Palestra do FILOCAFÉ da APEFP. A sua brilhante comunicação foi subordinada ao tema: Eutanásia- morrer com dignidade? e teve uma sala repleta de personalidades de vários quadrantes da sociedade a assistir, desde médicos, enfermeiros, advogados,professores,alunos e outros. Estas personalidades tiveram também a oportunidade de esclarecer as suas dúvidas e de emitir as suas opiniões sobre este tema polémico e que divide a sociedade sobre a legitimidade da sua prática. A Comunicação do Prof. Costa Pinto foi de tal forma eloquente e brilhante que todos aplaudiram de pé a sua exposição. A APEFP consegue mais uma vez demonstrar a sua importância como instituição, atenta a questões de ética aplicada bem como demonstra uma vitalidade ímpar pois a aderência de público às suas iniciativas tem sido notável.


EUTANÁSIA
POTENCIALIZAR A VIDA


Há que dizer, profetas da vida, porque profetas da morte não é preciso que haja profetas, porque mesmo sem profetas a morte vem. Sejamos profetas da vida, porque essa é que é preciso desenvolver e fazer crescer.
Prof. Costa Pinto


Potencializar a vida foi a mensagem que o prof. Costa Pinto, convidado da Associação Portuguesa de Ética e Filosofia Prática para a realização da V sessão do I Filo-Café (que decorreu no dia 18 de Maio no Museu Bernardino Machado, em V. N. de Famalicão, de uma forma magnífica, e com um auditório no final bastante participativo), evocou na sua fantástica palestra Eutanásia: morrer com diginidade?Divindindo a sua comunicação em três partes, o prof. Costa Pinto, da Faculdade de Filosofia de Braga/Universidade Católica Portuguesa, projectou, inicialmente, a distinção entre a eutanásia e a distanásia, o horizonte que está em causa quando se fala de eutanásia e as suas respectivas alternativas. Ao questionar perante o auditório o que é a eutanásia, remontando inicialmente ao seu sentido etimológico, que significa uma boa morte, uma morte digna, uma morte em paz e sem sofrimento, a partir da II Guerra Mundial, principalmente devido aos crimes nazistas, a eutanásia, no seu sentido pejorativo, significou liquidar pessoas de forma gratuita. Hoje, no foro médico, a eutanásia é uma acção ou omissão que por sua natureza provoca a morte sobre o pretexto de eliminar a dor. No pólo oposto à eutanásia temos a distanásia, a qual, termo relativamente recente devido aos avanços da medicina, definiu-a como o comportamento de retardar a morte, isto é, é um prolongamento a-criterioso. A partir daqui relatou exemplos concretos e práticos da acção médica, como também evidenciou como a lei portuguesa actua em casos de risco.O segundo aspecto que lançou para discussão foi o horizonte que está em causa quando se fala de eutanásia. Por um lado, temos o valor da pessoa humana, evidenciando a cultura mercantilista e de morte da sociedade contemporânea, e, por outro lado, a questão do sentido do sofrimento, afirmando que um mundo sem sofrimento não seria mundo, até porque o sofrimento humaniza o ser humano.O terceiro aspecto que o Prof. Costa Pinto realçou foi a implementação efectiva dos cuidados paliativos a nível nacional, no serviço nacional de saúde, e, depois, exaltou a valorização do humano, já que a verdadeira eutanásia, para ele, é a eutanásia da solidão, do abandono, a falta de amor, a falta de afecto. Este é o verdadeiro grito de quem sofre a dor física.


O Presidente da Assembleia-Geral da APEFP
Amadeu Gonçalves